segunda-feira, 16 de março de 2015

Miragem


A alma em expansão
O coração em contramão.
Mãos que afagam
Pensamentos que divagam
Indo, em saga
Atento a toda adaga
Dourada
Esplêndida
Que em seu engodo
Em sua realeza
É verdade consumida
E fere
Quando partida.

Adeus, meu amor
Meu doce engano
Sobrou-te só o pranto
De viver em eterno dano.



segunda-feira, 9 de março de 2015

Atento


Estarei atento, admirando-me.
Admirando-me toco no vão da sensibilidade
e reconheço quem está nu.

Estarei atento, amando-me.
Amando-me me reconheço,
e abro espaço para amar a quem me cerca.

Estarei sendo.
Porque sendo, sou mais
mesmo que não seja.


quarta-feira, 4 de março de 2015

Lá se vai


Lá se vai o sol. Lá se vai, lá se vai o sol.

O horizonte mais belo
que acompanhei,
uma correnteza de momentos
que guardo carinhosamente em meu peito,
em minha alma.

O mais vasto, vasto céu, vasto mar,
que me limpou as asas e os pés,
e me deu forças pra caminhar.

Lá se vai o sol. Lá se vai, lá se vai o sol.
Amo-te sol, amo-te.
Renascerás do outro lado, mais forte, acordando os olhos preguiçosos do mundo.

Uivarei para lua.



quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

O Todo.


O sol ilumina os contornos da memória feitos de pedras e tijolos, enfatizando as cicatrizes da cidade, marcas que envelhecem e nunca morrem.

O mar observa-me de longe, desenrolando as nuances da alma e as fazendo equilíbrio. O mar me toca dentro, criando novas ondas e desvendando os mistérios de sua propagação, expandindo a percepção e sussurrando em meus ouvidos que a refração é uma dádiva necessária para chegar à reflexão.

As areias, que são fartas de pegadas e mostram as mais variadas direções, precisam que as águas do mar interfiram em seu espaço, desfazendo-as e refazendo-as para que nossos pés trilhem novos passos, e que o nosso coração saiba ver que todo caminho é um recomeço.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Calor


As gotas de suor, vítimas do sol desta tarde de segunda-feira percorrem 
sobre meu peito nu. 
O calor do meu corpo se eleva e sinto desejo por tudo aquilo que penso, 
uma memória fugitiva de um futuro prazeroso composto pelo agora. 
Quem eu sou? 
Quem serei? 
As respostas eu guardo no amanhã, quando me refizer, quando me renascer, 
quando o sol cegar minha vista para que eu possa chegar mais longe de olhos 
fechados, e provar pra mim mesmo que sempre serei capaz de enxergar, desconstruindo 
toda imagem que se montará diante de mim.


segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Ardência


Grito
em homenagem ao que me espera
o horizonte chama.
Fogo.

Rasgo minhas vestes
de pele.
Ardo.

Não sossego enquanto não aprecio o que vem de encontro a minha vista.
Não desprezo nenhum detalhe, o inicio do olhar é a conquista.
O toque
me arrepia.

Vou, entre as correntezas do meu ser.
Nunca sempre,
mas
sempre
sendo.