segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Miragem

Te vi em passos lentos, voando longe. Já aconteceu antes. Um Déjà vu.
Meus olhos não miravam em seu dourado reluzente, nem em suas curvas encantadoras.
Mas sim em seus pés imaginários, descalços e libertos. Esperei que eles se virassem pra mim e me encarassem. Ou por milagre, corressem.
Mas seria esperar demais.
Por um instante eterno, achei que eles parariam e dariam meia-volta.
Mas ficaram tão longe, tão longe...caminhou tão distante, que confundiu o horizonte como parte dele.
Indo embora de mim. Fez-se horizonte, e por fim, sumiu. E levou. Levou o pouco que sobrou.
E então, me desfiz em gotas.
Naquela noite, choveu.






domingo, 1 de setembro de 2013

O mar


O horizonte se confunde em meus devaneios.
Ouço sinos. Vejo as ondas baterem e se desintegrarem na imensidão como meus breves pensamentos. 
A areia me conforta. O céu me abraça. Sinto que o mar sou eu, e eu faço parte do horizonte.
Paisagens humanas de passagem. Eles pedem paisagem, pedem a mim.
As histórias dos navegadores, a energia dos surfistas. 
As viúvas solitárias.
Os jovens sem destino. Os loucos. 
Os poetas. 
O resto.
Sinto a alma de cada um que se perde em mim. Os compreendo.
Aprecio a mim mesmo, sem fazer parte de ninguém inteiramente. E ninguém sabe disso.
Companheiras gaivotas, fazem sombra em mim. Se arrastam. Voam.
A chuva desaba.
Quando as gotas de chuva tocam em mim, me fazem sentir maior, e me sinto grato por não estar sozinho.
Muitos sonhos são deixados aqui com um peso enorme sobre mim. Promessas são feitas. Promessas morrem comigo. Por isso tão imenso, tão longe...

Então a noite vem, e eu pairo. Me calo. Pesco os sonhos que estão em mim, e durmo.