quinta-feira, 25 de abril de 2013

Leãozinho



Minha interpretação de Leãozinho, do grande Caetano.


Gosto muito de te ver, leãozinho
Caminhando sob o sol
Gosto muito de você, leãozinho
Para desentristecer, leãozinho
O meu coração tão só
Basta eu encontrar você no caminho
Um filhote de leão raio da manhã;
Arrastando o meu olhar como um ímã...
O meu coração é o sol, pai de toda cor;
Quando ele lhe doura a pele ao léu...
Gosto de te ver ao sol, leãozinho
De te ver entrar no mar
Tua pele, tua luz, tua juba
Gosto de ficar ao sol, leãozinho
De molhar minha juba
De estar perto de você e entrar no mar
Caetano Veloso.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Depois do Ontem


O vazio chegou pela manhã.
A felicidade foi embora depressa e confusa, pra eu aprender 
que nem tudo é sonho.
Convidei a tristeza pra se deitar comigo, ela disse que meus 
braços são frios.
O Sol nasceu e eu não tinha forças pra abrir as cortinas.
Nessa sede do mundo, acabo atingindo todos com minha saliva. 
Dizem que a primeira impressão é a que fica, mas não sei quantas 
impressões eu tenho e quantas vezes eu vivo e morro.
O céu pode cair desabando todas minhas certezas impensadas 
ou posso voar até ele e fazer a certeza do momento.
Qual a diferença?
Eu caio e levanto de todas as maneiras, na beira da estrada, na areia lisa. 
Em frente ao mar ou sendo jogado pela vida.
É como se ela me atirasse sobre cacos de vidro e sussurrasse:
''Você pode levantar e sair correndo e não aprender nada, ou junta-los
e fazer um belo vaso pra que na próxima queda, flores sejam recolhidas ''


 

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Conversa sobre Ele


'' Foi-se o tempo do amor, Carina. ''

Ele é assim Carina, sozin.
E quem anda em conjunto aos passos seus
É bem-vindo a se perder entre eles
E agora Carina, que se há de fazer?
Se o será não é o que poderia ser?
Se o futuro é a saudade?

'' Vai Carina, me deixa sair não, me deixa sair não.
São pedaços meus espalhados no seu coração. ''

Conta pra quem quiser ouvir;
Que um moço passou por aí.
Que a porta tava trancada
E que ele entrou mesmo assim, rápido, mas devagarin.
Dizem que apesar de sozin, ele carrega consigo o mundo.
Mas que lembrança boa desse moço aí...

Será que ele passa por aqui?



quinta-feira, 4 de abril de 2013

Última Carta


Decidi não me ver aquela noite.
Cobri todos os espelhos de casa de olhos fechados.
Fechei todos os vidros, as portas e janelas entreabertas.
Arrastei todos os móveis pra fora da sala, o sofá, a TV, a escrivaninha, o tapete... de certo modo não queria nada que lembrasse você.Mas tudo lembrava você.
Então fechei a porta, e percebi como aquela sala era grande.
Só não estava totalmente vazia porque deixei aquela cadeira ali, e o lustre acompanhava logo acima, me aguardando.
Eu fui.
Subi na cadeira. De certo modo achei que seria mais fácil, algo libertador.Poético mesmo sabe ?
Pois é, a verdade é que eu estava morrendo de medo. Coloquei minhas mãos trêmulas sobre a velha corda que me pertenceu quando era pequeno, quando eu brincava e sorria...
Imaginei um colar, e deixei sobreposto no pescoço durante 15 minutos, olhando pro nada, imaginado o tudo que nada foi.
Eu chorei pela primeira vez em três anos, e pela última.
Minhas mãos começaram a apertar o nó da corda. Senti a corda enrolada por inteiro no pescoço.
A cadeira bambeou. 
Caiu causando um eco medonho e sombrio.
Senti a garganta queimar, e instintivamente tentei tirar aquilo de mim. Não queria mais, era um covarde, afinal.
Quanto mais eu lutava pra permanecer, meus braços perdiam força, a visão embaçava, a respiração ficava difícil...
Meu corpo estagnou.
Meus olhos ficaram fixos.
Olhando pro nada, imaginando nada.
Eu fui.