quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Entre, nós.

Pulei tua janela
Entrei na tua morada
Fundimos nossa alma.
E então, percebi:
Tu escalaste uma barreira minha que nem mesmo eu sabia que existia.
Que machucaste os pés, ao pisar em espinhos espalhados pelo chão tortuoso da minha alma.
Que iluminaste toda parte escura e imprevisível do meu interior.
Que, delicadamente, atingiu meu coração com uma adaga branca.

Fiz-me nós.

Poderia, por um lapso eterno, esquecer de todos os corpos que já desfrutei
Quase como um virgem na estrada, antes de entrar e limpar os pés no chão de tua morada.
Não por não saber demais, pelo avesso: conheci e compreendi cada passo de minha caminhada, mesmo que fosse preciso analisar as marcas que deixei nas terras áridas, onde a apreciável chuva se fazia rara. Mas por sentir muito, entre teus olhares que cintilam ao me encontrar, tuas coxas intensas e brandas, tua imensa e vasta alma, que me encanta.


Entre cada mistério que convida à descoberta.
E a cada descoberta, que flerta com a luz que escapa de nosso amanhecer interior,
atingindo,
suavemente,
quem se importa dentro de nós.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Valsa

Sem pressa, o vento vai.
Desarmando-me completamente, 
teu sorriso.
Estou entregue. 
Acompanho o vento, sem rosto. 
Sem forma. Puro.
Deixo-me fluir, nas correntes 
de água que passam entre uma ponte e outra.
O teu orvalho fica em mim, limpo e cristalino,
como a manhã de primavera.
As folhas secas caem, lentamente, sobre 
o que nunca foi.
A árvore do passado se desmorona, 
com a suave brisa que passa dançando 
entre meus pensamentos.
A melodia deslumbrante que existe no agora, 
é composta pelos teus toques, que se expandem 
dentro de mim e de toda a imensidão que lá existe. 
Todo o espaço criado flui, 
e eu acompanho, 
na valsa.








domingo, 15 de junho de 2014

Dois

Abro os olhos.
Dois pássaros voam em sintonia com o céu,
e desaparecem nas nuvens.
Olho absurdamente sensível pro oeste. 
O sol, devagar, se esconde entre as montanhas.
Tudo é tão precioso, que não pensaria em contemplar outra coisa, 
senão o horizonte.
Mas algo me chama...o que seria mais importante que o horizonte? 
E então, sinto o toque suave de suas mãos sobre meu rosto. 
Sinto o cheiro dos meus sonhos. Fecho os olhos, e sinto tudo...
mas logo abro, e me confundo, pois estava certo de que tudo 
aquilo era um sonho. 
As curvas do teu corpo, os teus lábios, teus olhos que me 
enxergam no fundo da alma...eu te toco, pra conferir a realidade. 
E me surpreendo: É real. Eu sinto que nada pode me atingir, 
e valorizo cada segundo daquele momento. Fazemos parte da paisagem,
somos donos do horizonte. Os olhos ainda estão abertos, porém pequenos, 
pois o largo sorriso que ganhei no rosto se torna fácil de compreender. 

Dois pássaros ainda voam no céu, sem se preocupar onde vão parar...


sexta-feira, 23 de maio de 2014

Apreciação


A chuva aperta quando a gente tem pressa.
Vontade louca de correr, essa. 
Mas por um instante, só por um instante, 
eu permaneço. 
E tudo me atravessa.
Sinto cada gotícula de chuva 
percorrida em minha pele,
e me transformo em água. 
Atravesso as ruas escuras, 
as poças iluminadas, 
o lago que admiro tanto - eu estou lá. 
Estou também no esgoto,
fétido e podre, mas o que se há de fazer? 

O Sol chega, tão forte, tão sedento...e eu, evaporo.
Me encontro nas nuvens, e de lá, sou maior. 
Caio, violentamente, em cima dos apressados.
Mas percorro, leve e extraordinário, na pele dos que permanecem.



quinta-feira, 17 de abril de 2014

Ala dos Esquecidos

Ala dos esquecidos.
Dos cansados, doentes de amor.
Ala dos que já acreditaram, com convicção, no belo.
Dos não-correspondidos.
Entre eles, sonhadores caídos, gente que perdeu o riso.
Asas quebradas, corações partidos.
Olhos moídos, alma encharcada. Tão vazia de vida, tão cheia de nada.
Só rastros e lembranças.
A agulha espetada em suas veias lhes dão a falsa impressão de que tudo vai passar.
É a dor amenizada, esquecida, por ora. Alguns não voltam pra casa, se viciam.
Não passam de almas penduradas em suas próprias dores.
E, olhando bem, a gente percebe quem é novo por ali e quem já está acostumado
com isso tudo.
Os novatos sempre choram, alguns gritam, esperneiam. Retalham o corpo.
Costumam ter nos olhos, o mar e o desespero.
Se você quiser saber dos veteranos, olhe em seus olhos. São vazios.
Dizem que, chegando mais perto, se ouve o eco da dor em suas pupílas dilatadas.
Toda madrugada uma leva de pacientes novos chegam até mim.
Pode soar estranho, mas me conforto sobre suas dores. Eles me fazem esquecer da minha.
Os esquecidos são o meu vício. E eu, a saída.

.


quarta-feira, 19 de março de 2014

De vez em quando


Há uma beleza sedutora em ser fraco. Pelo menos de vez em quando.
Em desabar, se embebedar de whisky ou até mesmo daquela pinga velha no canto da cozinha.
Dar uns tragos, ficar chapado, se perder por dentro e procurar uma saída.
Existe poesia em estar só, bêbado e vazio. Pelo menos de vez em quando.
Hoje eu estou belo. Perdidamente belo. Eu sou meu espetáculo, e assisto a mim mesmo, numa mistura de vergonha, orgulho e poesia. Hoje eu me perdi, sem saber do amanhã.
Hoje, só hoje, me sinto belo em ser fraco.


terça-feira, 18 de março de 2014

O sorriso de Quem


O sorriso de quem conversa ao telefone .
De quem escuta a voz mais adorada.
O sorriso sincero e sem graça, mesmo só.
De quem perdeu a hora, de quem já não sabe de nada.
O sorriso do susto bom, da surpresa bem-vinda e nunca ensaiada.
De quem não sente os pés, do formigamento nas mãos.
O sorriso que dói, dói de tão largo que é, mas que continue doendo!
De quem parece que nunca sofreu.
O sorriso do outro lado,
Que nunca é nosso
Mas sempre é nos dado.


quarta-feira, 5 de março de 2014

Ela

Ela passa...
Deixando seu cheiro, úmido e amargo.
Ela passa...
Me levando em suas mãos, tecendo em seus passos a teia da distância.
Ela passa...
Assim como passei em outros corações...
Ela passa.
Como uma pequena poça, inaugurada pela chuva.
Ela passa.



sábado, 15 de fevereiro de 2014

Vem D'aval.

Cabeça nas nuvens, num céu nublado.
A tristeza não entrou pela janela, bateu na porta. Deixei entrar.
Delicadamente acariciou meu peito - dor.
Fui lá pra dentro de mim e observei aquilo tudo. Foi de embaçar a visão.
Senti um certo prazer na melancolia da chuva, nas nuvens acinzentadas. 
E não havia nostalgia, não havia saudade, não havia nada.
A tristeza - que já me conhece - foi embora. Ela sabe que não dura muito.
Agora era eu dentro de mim, num vazio pós tristeza, pairando no ar,
deixando se quer alguém notar - nem mesmo eu sabia de mim.
Me fui embora, e escorri minha alma pelo ralo. Saí de dentro de mim, e me preenchi de música.
Agora minha alma dança. 
Desconheço os passos, cada ensaio é uma surpresa. Cada surpresa é
um ensaio do que virá. Então eu deslizo, percorro o infinito e volto.
Vou deixar a porta aberta, pra o que vier entrar. 
Só deixa eu voltar naquele corredor pra buscar meu coração

Que esqueci sangrando

No escorrer dessa canção.





domingo, 9 de fevereiro de 2014

Poema da Entrega (2)


Teus olhos mostram
Um mundo que eu quero ver
Tua mão conduz
Uma dança que eu sei resolver

Tuas palavras são minhas
Os meus lábios são teus
Teu caminho é incerto
Assim como o meu.



sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Poema da Entrega (1)


Lentamente a despia
Saboreando a paisagem
Me descobria

Por anseio ou devaneio
Perdi minha razão
Me encostei entre teus seios
E lá se foi meu coração.


sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Moradia Alternativa


As coisas vem e vão. 
As vezes me sinto só em meio à multidão. 
A vontade de compreender nunca é em vão, 
mas desgasta com um tempo. 
Com o tempo que é seu e ninguém compreende 
o ritmo de seus sonhos, 
seus passos mentais e sua visão ampliada. 
As vezes a melodia ambiente é 
o oposto da sua mente e se torna diferente 
da considerada perfeição. 
Visão e pensamentos se confundem com o real 
e todo o óbvio se torna mortal. 
O veneno tomado lentamente pode ser expelido 
se percorrido um caminho 
diferente. 
Me levo pra longe, onde minha morada se torna quem eu sou.


segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Momentaneamente Eternos


O vento. Sinto a brisa do toque dos seus dedos sobre os meus.
Nossas mãos dançam e flertam.
O teu cheiro invade meu corpo e respiramos o mesmo ar.
Conversamos o tempo todo. Seja por palavras, aos toques,
aos gestos, em pensamentos...nossas almas se encontram e
nos tornamos um só.
O momento se torna eterno e o vento nos convida pra voar.
E voamos. Pra qualquer lugar. E sentimos. Tudo o que é possível.
Nos transformamos em nós mesmos.






quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

2013 - O Ano do descobrimento.


Se 2012 foi o ano de dúvidas, perdição, 2013 foi o ano de certezas e descobertas. 
Nesses últimos dois anos tenho crescido absurdamente, mentalmente e espiritualmente. 
Lutei bastante internamente e com pessoas próximas que não entendiam o significado de 
quem eu me tornei, que nada mais é do que minha essência aflorada e sem barreiras. 
Papos vazios não me preenchem mais, o óbvio me faz bocejar. Muitas pessoas segmentadas a um caminho só fazem daquilo sua verdade eterna, o que não as tornam mais sábias, e sim presas a si mesmas. 
Conheci e reconheci pessoas maravilhosas, cheias de sonhos e de alma aberta pro mundo. Elas estão em mim.
Liberdade. Ah, liberdade. Aprendi o real significado dela. E estou aprendendo! E quero aprender sempre! O que é a vida sem descobertas? Sem mistérios, sem porques ?
Outro aprendizado: Quando passamos pelo periodo ''Ser ou não ser'' e realmente escolhemos
 nossos sonhos, não importa as pedras e as barreiras no caminho, tudo se torna mais fácil e melhor, pois o caminho pra felicidade já se torna a felicidade. É só absorver.
A arte me invadiu por completo, e hoje tenho certeza do que eu quero e do que não quero pra mim, e tudo se tornou sonhos. Me aceitei, acreditei em mim, e sem muita opção, as pessoas começaram a acreditar também.

Aprendi que a vida é de entrega. Não importa as decepções do passado, se você não se permitir nunca vai descobrir o sabor da vida. Se entregar é ser quem você é, e ser feliz por isso.