quarta-feira, 19 de março de 2014

De vez em quando


Há uma beleza sedutora em ser fraco. Pelo menos de vez em quando.
Em desabar, se embebedar de whisky ou até mesmo daquela pinga velha no canto da cozinha.
Dar uns tragos, ficar chapado, se perder por dentro e procurar uma saída.
Existe poesia em estar só, bêbado e vazio. Pelo menos de vez em quando.
Hoje eu estou belo. Perdidamente belo. Eu sou meu espetáculo, e assisto a mim mesmo, numa mistura de vergonha, orgulho e poesia. Hoje eu me perdi, sem saber do amanhã.
Hoje, só hoje, me sinto belo em ser fraco.


terça-feira, 18 de março de 2014

O sorriso de Quem


O sorriso de quem conversa ao telefone .
De quem escuta a voz mais adorada.
O sorriso sincero e sem graça, mesmo só.
De quem perdeu a hora, de quem já não sabe de nada.
O sorriso do susto bom, da surpresa bem-vinda e nunca ensaiada.
De quem não sente os pés, do formigamento nas mãos.
O sorriso que dói, dói de tão largo que é, mas que continue doendo!
De quem parece que nunca sofreu.
O sorriso do outro lado,
Que nunca é nosso
Mas sempre é nos dado.


quarta-feira, 5 de março de 2014

Ela

Ela passa...
Deixando seu cheiro, úmido e amargo.
Ela passa...
Me levando em suas mãos, tecendo em seus passos a teia da distância.
Ela passa...
Assim como passei em outros corações...
Ela passa.
Como uma pequena poça, inaugurada pela chuva.
Ela passa.